Devido à privatização da telecomunicação no Brasil, a rede que interconecta os clientes deixou de ser centralizada, uma vez que surgiram vários provedores. Neste momento, surgiu um impasse: como conectar os clientes das diferentes companhias? A solução para esse problema é a interconexão das redes, ou seja, a criação de um canal por meio do qual trafegam os dados entre os clientes de diferentes operadoras.
No entanto, essa solução não é tão simples de ser implementada, porque é necessário seguir a regulamentação da Anatel acerca do assunto. Além disso, para que haja a interconexão, deve haver compatibilidade entre as duas redes, o que pode causar troca de equipamentos ou de ferramentas. Neste post, vamos explicar um pouco sobre a regulamentação da interconexão de rede e alguns de seus principais obstáculos. Acompanhe!
A definição da Anatel de interconexão de rede
O termo interconexão de rede pode significar simplesmente a conexão entre duas redes, o que pode ser feito através de diversos equipamentos, como switches, hubs e roteadores. Mas, neste texto, estamos tratando da interconexão entre redes de provedores, que é um processo definido pelo Regulamento Geral de Interconexão (RGI).
Segundo o RGI, o que define a interconexão de redes é a possibilidade de o usuário de uma rede se comunicar ou acessar serviços de um usuário de outra. Isso faz com que a interconexão de redes de um mesmo usuário não se encaixe nesta definição. Os diferentes tipos de interconexão ainda são classificados pela Anatel com base nos serviços oferecidos, como telefonia fixa e telecomunicação móvel.
A interconexão de redes se dá por meio de um contrato entre as duas empresas, que deve ser homologado pela Anatel. Este documento estabelece limites para a cobrança pelo uso das redes, que vai de 30 a 40% do custo total do serviço. Segundo o regulamento, também é proibida a prática de subsídios, a obstrução intencional de negociações e a imposição de condições que acarretem em ineficiência das redes.
Como funciona a interconexão de redes?
Para um provedor que quer se conectar a outras redes, um dos primeiros passos é a migração para um Sistema Autônomo (AS), que é um dos maiores desafios da área atualmente. O Sistema Autônomo é um conjunto de IPs que operam com a mesma forma e são identificados por um Número de Sistema Autônomo (ASN).
O custo inicial para se obter um número de sistema autônomo ASN é de 1850 reais, sendo que a primeira alocação não tem custo para provedores. Já os custos de alocação de faixa de IP variam de acordo com o tamanho das faixas, com um custo de renovação anual. Uma das questões mais importantes atualmente é o uso de IPv6, a versão mais atual do protocolo IP, que exige equipamentos compatíveis e alocação específica de endereços deste tipo.
A integração entre os Sistemas passa pela infraestrutura do Ponto de Troca de Tráfego (PTT), que, no caso do Brasil, é o Ponto Federal de Interconexão de Redes (FIX). Além deste PTT central, há os PTTMetro, que atendem as principais regiões metropolitanas no Brasil. As redes dos maiores provedores de Internet no Brasil estão interconectadas por meio deste sistema de PTTs, o que torna possível o estabelecimento de interconexão entre os usuários dos diferentes provedores.
Para aderir ao FIX, é necessário ser um AS com um bloco de endereços IP alocados que tem acesso à Internet. Não há taxa de adesão, mas é necessário arcar com os custos de infraestrutura para estabelecer a conexão. Uma vez conectado ao FIX, há um aumento no desempenho da rede, redução dos custos de manutenção de tráfego e aumento da troca de tráfego, o que atrai e fideliza mais usuários. Além disso, só assim é possível estabelecer acordos para interconectar a rede com os diferentes provedores, sendo que este processo é regulamentado e homologado pela Anatel.
Quer saber mais sobre a interconexão de rede? Confira também o nosso post falando sobre a revisão da Lei Geral de Telecomunicações e conheça algumas das soluções para provedores que oferecemos em nosso site!
