Olá pessoal, falaremos hoje sobre o que devemos considerar para escolher o cabo óptico mais adequado para o seu projeto.
Costumo dizer a clientes e alunos que para tudo existe uma solução adequada, correta e que resolverá o seu problema da forma mais certa, sem precisar das famosas gambiarras ou “ajustes técnicos”.
Vejam só, se tivermos que fazer um encaminhamento de cabo usando uma tubulação e nesta rota houver uma curva de 45° não precisamos torcer o eletroduto, seja ele de aço galvanizado ou de PVC, com o uso de maçarico ou na base da força bruta, basta comprarmos a peça “curva de 45°” para deixar a sua infraestrutura corretamente implementada. Este exemplo é apenas uma simbolização do que vemos por aí. Tenho certeza que você está lembrando das obras de arte que já viu por aí, não é?
Pois é, no caso dos cabos, sejam eles quais forem (metálicos ou ópticos), teremos sempre o mais adequado para a cada situação. Para isso, teremos que escolhê-los em função da aplicação, da distância, do local, das condições climáticas, de como serão instalados, dentre outros requisitos.
Apresentarei abaixo alguns cabos ópticos e situações nas quais deverão ser definidos como opção mais adequada. Porém, antes precisamos entender que os cabos externos ou internos são identificados em sua capa externa com uma codificação normatizada com várias informações, por exemplo:
- Tipo de fibra:
- Multimodo (MM);
- Monomodo (SM);
- Dispersão não-zero (NZD).
- Quanto à aplicação:
- Autossustentado (AS);
- Dielétrico para Instalação em Dutos (DD);
- Dielétrico para Instalação Diretamente Enterradas (DE);
- Dielétrico e Protegido para Instalações Diretamente Enterradas (DPE);
- Protegido com Armadura em Fita de Aço Corrugado, para Instalações em Dutos (ARD);
- Protegido com Armadura em Fita de Aço Corrugado, para Instalações Diretamente Enterradas (ARE);
- Dielétrico e Proteção contra Roedores para Instalações Diretamente Enterradas (DER);
- Dielétrico e Proteção contra Roedores para Instalações em Dutos (DDR).
Esta nomenclatura é definida da seguinte maneira:
- O primeiro “D” indica cabo Dielétrico e o segundo indica instalação em Duto;
- “AR” indica Armadura;
- “R” indica anti-roedor;
- “E” indica Enterrado.
- Tipo de Núcleo:
- Núcleo Seco (S);
- Núcleo Geleado (G).
- Grau de Proteção do Cabo frente à chamas:
- COG – Cabo Óptico Geral;
- COR – Cabo Óptico “Riser”;
- COP – Cabo Óptico “Plenum”;
- LSZH – Cabo Óptico com Baixa Emissão de Fumaça (Low Smoke and Zero Halogen)
Além, obviamente, do número de fibras no cabo que sempre estará presente, ou outras informações como Formação do Núcleo, Características Especiais, Tipo de Revestimento, Carga Máxima de Operação e Diâmetro do Cordão Óptico (quando for o caso). E, é importante dizer que cada cabo tem a sua composição própria, com elementos de proteção, tração, revestimentos, e etc, basta consultar os catálogos.
Situações comuns ao se definir o cabo óptico:
- Instalação subterrânea: para se definir o tipo de cabo, observar onde a tubulação estará enterrada. Se há riscos de o cabo ficar imerso em água temporariamente ou constantemente. Se a área é passível de existência de roedores, como ratos e gambás.
- Instalação diretamente enterrada: caso o seu projeto aponte necessidade de uma instalação sem tubulação enterrada, pode-se optar por um cabo diretamente enterrado. É simples, basta uma vala com profundidade razoável e terra por cima.
- É interessante prever nas instalações subterrâneas uma fita identificadora acima da tubulação ou do cabo para identificação, evitando assim, acidentes em caso de uma escavação.
- Instalação aérea: neste caso identificar se o cabo será sustentado via cabo de aço mensageiro (espinamento) ou se será autossustentado. Se for autossustentado, observar o lance do vão entre os postes. Há cabos com capacidade de carga para vãos com 80, 120, 200, 400 m e além.
- Instalação anti-roedores: usado em ambientes que possuem incidência constante de roedores. Estes cabos possuem uma proteção metálica ou de fibra de vidro (PFV) ao torno das fibras, as quais protegem as fibras dos dentes ferozes dos roedores. No caso da proteção metálica é uma barreira de difícil transposição, e no caso da proteção de PFV, estas ferem a boca do roedor inibindo a ação destes.
Cabo anti-roedor (PFV)
Cabo anti-roedor (prot. metálica)
- Instalações internas: atentar se o cabo percorrerá ambientes com temperaturas muito elevadas ou muito baixas. É interessante ressaltar também se o cabo será utilizado para interligar andares (backbones) ou racks em uma sala técnica ou Data Center. Ambos são cabos internos, porém diferentes. Dentre outras situações, como forros, piso elevado, curvas, etc.
- Instalações internas / externas: os fabricantes desenvolveram cabos com capacidade de instalação para ambas as situações no mesmo cabo, obviamente, resguardando-se alguns aspectos específicos. Fique atento ao especificar este cabo.
- OPGW (Optical Ground Wire): não poderia deixar de falar sobre este cabo. Para transmissões em longas distâncias, com capacidade elevada de comunicação de dados, usado como para-raios nas linhas de transmissão de energia interligando cidades, estados e países este cabo é constituído em alumínio com o seu centro preenchido com fibras ópticas. Estes cabos são instalados no ponto mais alto das torres de transmissão, veja o exemplo abaixo:
Torres de transmissão
Os cabos OPGW estão no topo das torres
Cabo OPGW
Espero que estas poucas dicas tenham sido de alguma valia, portanto quando forem definir um cabo para qualquer situação que seja, consulte os catálogos dos fabricantes, somente assim e conhecendo bem o cenário em questão será possível definir o melhor cabo para o seu projeto. Há outros tipos de cabos no mercado que não foram abordados aqui, mas que podem ser utilizados em situações específicas.