Em janeiro 2019 a Primori completou dez anos dedicados ao treinamento de ISPs, ajudando os provedores a projetar e viabilizar suas redes FTTH.
Também no mês de janeiro 2019, segundos dados da Anatel, os ISPs ultrapassaram as grandes operadoras em números de acessos FTTH.
Passados todos estes anos já treinamos mais de 5000 profissionais e é extremamente satisfatório ter podido colaborar com o desenvolvimento do setor, no entanto, quando falamos de projeto de redes FTTH, percebo ainda muitos ISPs com dúvidas de como elaborar seu projeto de forma correta e eficiente, desta forma, dedico este artigo a um passo a passo, ilustrado na figura abaixo e que enumera todas as etapas do projeto:
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Definição da área de cobertura
Com bom senso, procure definir a área de cobertura mais ampla possível. Lembre-se que projetar uma área de cobertura maior não significa que todo o projeto deve ser executado num primeiro momento.
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Determinar potencial de mercado.
Esta etapa é fundamental para a futura lucratividade da rede. Procure realizar uma pesquisa de mercado para determinar o potencial de cliente que o ISP poderá ter. Identifique quais as necessidades e desejos dos clientes potencias e como estes serão atendidos.
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Definir taxa de penetração de projeto.
De posse dos dados de mercado, defina a taxa de penetração de projeto. Cuidado com taxas de penetração muito baixas, isto significará maior consumo de drop e maior tempo de ativação do cliente.
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Definir splitter de atendimento e tamanho da célula de atendimento.
Escolha o splitter de atendimento. De uma forma geral, splitter 1×16 são mais adequados para altas taxas de penetração, enquanto splitter 1×8 são mais adequados para baixas taxas de penetração. Uma vez definido o splitter, defina também o tamanho da célula de atendimento, a abrangência de cada splitter de atendimento.
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Lotear a área de cobertura.
Considero uma das etapas mais importantes do projeto. Consiste em lotear toda a área de cobertura em células de atendimento. Cada célula de atendimento terá um CTO para atender sua abrangência.
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Posicionar as CTOs nas células de atendimento.
Uma vez loteada toda a área de cobertura, posicione uma CTO em cada célula de atendimento. Procure posicionar a CTO para que o atendimento aos clientes seja feito com o menor consumo de drop possível.
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Definir a razão de divisão da porta PON e topologia de rede.
Chegou a hora de escolher entre splittar a porta PON por 64 ou 128 clientes. Para definir isto, pense não só nas necessidades atuais de banda, mas também necessidades futuras de novos serviços.
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Definir os ramais e os pontos de distribuição.
Chegou a hora de agrupar as CTOs em ramais. Procure visualizar como as CTOs ficaram posicionadas no projeto e então decida pela melhor opção entre ramais balanceados ou ramais desbalanceados. Em geral, ramais desbalanceados são mais adequados para CTOs posicionadas em sequência lineares; enquanto que ramais balanceados são mais adequados para CTOs posicionadas sem sequências lineares. Independente se o ramal será balanceado ou desbalanceado, identifique e posicione os pontos de distribuição, onde será o início de cada ramal.
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Definir os cabos de alimentação.
Uma vez definidos os pontos de distribuição na etapa anterior, chegou o momento de pensar na rede de alimentação. Esta rede é a que une todos os pontos de distribuição até nossa central. E necessita fibra para alimentar cada ramal definido anteriormente.
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Elaboração de lista de materiais.
Com o planejamento do projeto definido, elabora as listas de materiais de cada parte da rede: central, rede de alimentação, rede de ramais e atendimento. Procure especificar em detalhes cada um dos componentes da rede para que o processo de cotação com fornecedores seja facilitado. Considere também neste momento criar uma lista com equipamentos e ferramentas que precisará na implementação, operação e manutenção da rede.
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Determinação dos custos da rede.
Realize cotações com fornecedores de sua confiança para determinar o custo de implementação de seu projeto. Lembre-se que muitos dos materiais devem estar homologados. Certifique que os materiais cotados atendem à especificação solicitada.
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Análise de viabilidade
Com todo o custo de projeto definido, chegou a hora de verificar a viabilidade financeira do mesmo. Para esta etapa, além dos investimentos necessários, precisaremos estimar o faturamento da rede e os custos operacionais que teremos envolvidos. Com estes dados, a análise financeira visa responder qual será qual será o payback do projeto, qual será a taxa interna de retorno (TIR) do projeto, em quanto tempo o projeto atinge o equilíbrio operacional e qual a necessidade de fluxo de caixa para viabilizar o projeto.
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Documentação e planos de emendas.
Caso o projeto se mostre viável financeiramente, capriche na documentação do mesmo e nos planos de emendas. Estes documentos serão essenciais para a implantação da rede corretamente; e igualmente importantes durante a operação e manutenção da rede.
Pode parecer complexo, mas posso garantir que seguir este passo a passo será certeza de um bom projeto e, principalmente, bons resultados.
Bons projetos!
Ronaldo Couto – Engenheiro Eletricista, com ênfase em Telecomunicações. Especialista em redes de Fibra Óptica. Fundador da Primori Tecnologia.