O fato de o provedor regional trabalhar diretamente com tecnologia, não quer dizer que sua empresa é digital.
Todos nós já percebemos que o mercado de provimento de internet regional vai se consolidar. Certamente sua empresa já deve ter sido abordada para vender ou fundir com outros ISPs – Internet Service Providers. Ou você já abordou outros para comprar. E mais, alguns de vocês já devem ter comprado carteiras de clientes ou outras empresas.
Alguns dos motivos deste movimento podemos citar agora. O principal deles na minha opinião é sem dúvida a convergência da tecnologia. Há 7 (sete) anos atrás, poucos provedores ofertavam os seus serviços com fibra óptica. Hoje praticamente todos tem uma fibra no poste. Ou seja, do ponto de vista do consumidor, o cliente tem em frente a casa dele pelo menos 4 empresas que ofertam internet banda larga com velocidades similares e preços parecidos.
Isso significa commoditites, ou seja, serviço em larga escala, com a mesma tecnologia e que possuem qualidade e características uniformes. Outro motivo que podemos citar é a margem de lucro da operação, que se destaca quando comparada com outros segmentos. Quantidade de pessoas que ainda não tem conexão a internet no Brasil. Sinergias econômicas e financeiras. Enfim, poderíamos ficar o dia todo citando motivos que justificariam este movimento de fusões e aquisições.
Pois bem, depois de trazer uma reflexão inicial, vamos agora entender algumas ameaças, que normalmente também são oportunidades que surgem por conta deste momento, e que a tendência é, sem dúvida, se intensificar. No entanto, quem quiser sobreviver com o aumento da competição, redução da margem de lucro, aumento da oferta e diminuição nos preços de mercado, precisa pensar na TRANSFORMAÇÃO DIGITAL. Com o advento da pandemia este processo se acelerou. Mas afinal, qual a relação que a revolução industrial tem com o mercado de telecomunicações?
Essa é uma pergunta recorrente e que não só o nosso setor se questiona, mas também todos os outros segmentos. É comum eu escutar dos empreendedores crenças como por exemplo “mas no nosso mercado é diferente”, ou “isso só se aplica a outros mercados”. Não se engane, eu afirmo com plena convicção e certeza que se aplica sim a você e a sua companhia. E a partir de agora vou trazer algumas das principais evidências, mas também caminhos que podem te ajudar a entender, processar e a partir daí, partir para a execução.
Para começar quero trazer o exemplo da BlockBuster. Há pouco mais de 10 (dez) anos o CEO levou ao conselho de administração um projeto para transformar a empresa no modelo de assinatura, como a Netflix. E o então conselho não aprovou. E sabe qual foi o principal motivo? Na época 12% da receita era oriunda do atraso na devolução dos DVDs. O final todos nós sabemos, uma decisão errada que gerou a perda de 100% da receita.
Quando falamos de transformação digital, logo pensamos em tecnologia, software, app, site, redes sociais, meios de comunicação, entre tantas outras soluções que estejam no digital, na internet, no on line. O provedor regional na minha opinião tem a faca e o queijo na mão para promover essa transformação e liderar esta nova realidade. Mas para que isso aconteça tem que começar de dentro para fora. Para então em um segundo momento capitanear esta revolução na sua cidade, região, seu estado, até mesmo no Brasil e porque não no mundo todo.
É preciso pensar em um horizonte maior. Entender que para salvar o mês você precisa vender, para salvar o ano cortar custos, mas para salvar a década invista em inovação. Quando pensamos o nosso negócio, percebemos que temos 3(três) principais verticais que precisamos atuar diretamente. Estratégias, operações e pessoas. E você deveria estar esperando uma receita de bolo, uma dica infalível, ou uma proposta que resolveria todos estes desafios e até mesmos dilemas. Mas tenho uma notícia para te dar, o principal caminho está nas pessoas! Sim, nas pessoas. E você enquanto empreendedor ou líder tem que ser o primeiro a mudar.
Mudança é um termo comum que escutamos no nosso dia a dia. Afinal o mundo muda cada vez mais em uma velocidade maior. Então vamos a primeira pergunta. O que você acha que precisa mudar no seu provedor para começar a surfar essa onda da transformação digital? Você acha que mudança de cultura seja um caminho? Ou uma cultura da mudança? Sem dúvida alguma cultura da mudança. E você é o primeiro da fila, que através do exemplo vai ser o protagonista desta nova temporada.
Segundo uma pesquisa recente da Mackenzie, os comportamentos que mais cresceram em importância dos líderes mais bem sucedidos depois da pandemia, são todos comportamentos humanos, 25% a mais apoiadores e que cuidam dos seus times, 23% a mais, focados no colaborador, 15% criativos, empreendedores, empoderadores e que delegam para os outros e promovem ambientes abertos e de confiança. E isso nos distingue como líderes na crise.
Por isso que precisamos nos transformar em 3 (três) grandes pilares:
- Transformação cognitiva – a forma como a gente pensa e toma decisões;
- Transformação comportamental – a forma como a gente executa a inovação e como a gente tolera o erro;
- Transformação emocional – a forma como a gente sente, se relaciona, como a gente colabora com o outro e com isso criamos relações de confiança.
Porque afinal é só assim que você líder consegue explorar esse enorme potencial que tem de transformar seus times, a sua empresa e trocar o motor do avião em pleno vôo. Quem precisa começar o processo de transformação é você! Empresário, líder, você tem que dar o exemplo. Todo mundo, ainda mais em uma crise está olhando para você em busca de respostas. Explore este enorme potencial que o cenário de transformação digital está proporcionando.
O Cliente é o centro. Qual é o setor da Amazon? O Cliente! Na mesma companhia ele faz compras de alimentos, assiste filmes, faz a leitura de livros, vende seus produtos, entre outros. E você provedor regional que tem avenidas e avenidas construídas de fibra, como você pode pensar o cliente como centro e gerar oportunidades de transformação digital para o meio em que você está inserido? Entenda melhor o seu cliente. O comportamento dele. Seus hábitos. E isso você só vai conseguir fazer com a cultura de filtrar os dados do assinante que de fato são relevantes. E assim você vai conseguir encontrar oportunidades e iniciar a produção da próxima temporada.
Para finalizar trago o resultado da pesquisa que Darwin fez ao longo de muitos e muitos anos. Quem sobrevive a transformação do ambiente não são os mais fortes, nem os mais inteligentes, mas sim os que se adaptam a mudança. Pense nisso!
Asshaias Felippe, diretor executivo da Solintel e Moga Telecom e sócio fundador do projeto TelCont.