Compartilhamento de Postes. Se não hoje... Quando?
Enviado em 01.02.2022

Compartilhamento de Postes. Se não Hoje… Quando?!

Você montou o seu provedor de internet! Ótimo! Começou com rádio, se adequou ao novo mercado e substituiu essa tecnologia pela fibra óptica, […]

Você montou o seu provedor de internet! Ótimo! Começou com rádio, se adequou ao novo mercado e substituiu essa tecnologia pela fibra óptica, você está equivalente ou superior aos seus concorrentes mas se esqueceu de um fator fundamental para dar segurança aos seus clientes e liquidez para o seu provedor de internet: “o projeto de compartilhamento de postes”.

Para realizar uma ocupação nos postes de forma legalizada, é necessário obter a autorização da concessionária de energia. Mas a burocracia, as dificuldades em se obter a autorização e a adversidade para cumprimento de todas as exigências oriundas da norma ABNT 15214 que estabelece os critérios técnicos sobre o compartilhamento em conjunto com normas específicas das concessionárias, muitas das vezes leva as Operadoras e Provedores Regionais ao descumprimento de em inúmeros quesitos no que se refere ao compartilhamento de infraestrutura de postes.

Ao ponto que a não regularização transforma-se em erro estratégico, simplesmente porque em cada poste são disponibilizadas apenas 5 faixas para ocupação regular. Já ouviu aquele ditado: “quem chega primeiro bebe água limpa?”. A verdade é que muitos Provedores Regionais foram os primeiros a implantar fibra óptica em suas cidades ou regiões, mas pouco se atentaram para a regularização do seu cabeamento nas concessionárias de energia, e muitos hoje se deparam com o problema de não mais conseguir regularizar suas redes pelo excesso de ocupações dos postes.

Não podemos ainda desconsiderar um grande advento do mercado: “a rede neutra”. E eu vou te dar alguns dados que vão te assustar, e muito!

Alguns provedores imaginam que essas 5 ocupações se referem apenas a fibra, mas não é verdade. Cabos telefônicos, também precisam de licenciamento. Eis que surgem duas grandes empresas que já possuem praticamente todo o Brasil homologado devido a telefonia fixa e que para realizar tal ocupação, basta substituir os cabos e a tecnologia dos clientes… Oi e Vivo. Não é a toa que elas criaram, respectivamente, V-TAL e FIBrasil, empresas responsáveis por difundir a rede neutra em todo Brasil.

Rumores inclusive apontam que a ideia da Oi é fibrar 90% do Brasil até 2025, através da V-TAL, antiga INFRAco.

Algumas perguntas, a saber: “depois que todo o Brasil estiver fibrado e a rede neutra for uma realidade. O seu provedor terá lugar de ocupação dentro da rede das grandes? E depois que eles estiverem licenciados, não irão fazer algum tipo de pressão nas concessionárias para retirar os cabos que ainda não foram regularizados?”

Algumas empresas que começaram a usar a rede neutra da Oi se viram obrigadas a aumentar o seu ticket médio, mas não para aumentarem o markup e sim para mantê-lo. Isso significa que as empresas tendem a atender mais clientes através da rede neutra, mas, a depender do molde dessa aplicação, perdem, exponencialmente, competitividade para brigar por preços que os usuários já estejam acostumados.

Claro, essa também é uma realidade criada porque centenas de provedores não possuem a sua rede regularizada, o que faz com que ele possa reduzir drasticamente a sua precificação, visto que não paga seque ocupação de postes.

Mas depois de regularizar milhões de metros de redes posso afirmar com toda certeza, as ditas Grandes Operadoras, como citadas, estão longe de obedecer à risca as normas de compartilhamento, inclusive são elas as grandes causadoras do excesso de compartilhamento, visto que é muito comum notar que sequer retiram sua rede legada do poste compartilhado, o que impossibilita também a entrada de novas concorrências.

Mas a ideia central aqui não é discutir a guerra dos preços. E sim a guerra que está prestes a chegar. A guerra dos que vão se manter no mercado!

Se você não ficou nada confortável com a situação que eu citei acima, eu tenho uma excelente notícia para você. Mesmo que seu provedor de internet já tenha passado cabeamento e eles ainda não estejam regularizados, você pode fazê-lo por intermédio do projeto de compartilhamento de postes.

Dessa forma, você terá exclusividade, junto a outros 4 provedores de internet, de utilizar o cabeamento naquele trecho onde o seu projeto foi aprovado. Isso faz com que você tenha autonomia para determinar qual será o seu nível de competitividade.

E eu sei que não é barato fazê-lo. Afinal, as concessionárias não estão seguindo o preço de referência, praticam preços que determinam em suas próprias estratégias de negócios.

Peraí, você nunca ouviu falar em preço de referência?

Eu explico!

Em 2014 ANATEL e ANEEL definiram um valor de referência para ocupação ou compartilhamento de postes a nível Nacional, o que seria atualmente corrigido no valor de referência de R$4,23.

No entanto, 7 anos depois, esse acordo não vem sendo cumprido pelas concessionárias. Cada uma tem praticado um preço diferente e eu vou ilustrar apenas alguns exemplos pra você na lista abaixo:

ConcessionariasValores por ocupação
CemigR$ 8,66**
CoelbaR$ 8,49
Enel SPR$ 12,52 *
Enel CER$ 11,23*
EDPR$ 7,23
CPFLR$ 7,10
Enel RJR$ 10,82
LightR$ 5,50
*Concessionarias que tem variações preços entre regiões e quantitativo
** Concessionarias que reduzem valores mediante acordo

Como podem ver nenhuma concessionária cumpre o valor de referência. Por qual motivo se na grande maioria delas essa é uma receita acessória? E a injustiça maior é que algumas grandes Operadoras tem negociações diferenciadas de valores, sem qualquer critério de equidade.

Afinal por que estou falando do valor de referência? Porque essa é uma desculpa clássica de empresários ISPs para não regularizar suas redes.

Primeiramente gostaria de sugeri-lo, tenha esse custo bem atribuído no seu Business Plan, e se este for o empecilho para sua regularização e competitividade no mercado existe uma solução. Inúmeros provedores estão entrando com processos judiciais frente as concessionárias para exigir que o preço de referência seja praticado. E uma notícia melhor ainda é que a maioria deles ganham essa causa.

Antes de exigir seus direitos, cumpra os seus deveres. Como já disse aqui a autorização da concessionaria para o compartilhamento é um dever de qualquer empresa de Telecomunicações que deseja utilizar os postes das concessionárias.

A regularização da ocupação da sua rede na concessionária de energia irá também trazer outros benefícios, e claro, pode ser que você não tenha interesse em formalizar o seu provedor agora. Afinal, nunca teve problemas com os cortes de energia. Mas lembre-se do processo de fusões e aquisições que se instaurou no mercado. Naturalmente, ter a sua rede regularizada, além de garantir que você não está exposto e fragilizado, incide, também, na valorização do seu provedor.

Em média, cada cliente em um provedor sem regularização vale de R$ 1000 a R$ 1600. No entanto, ao regularizar a sua rede esse valor sobe para R$ 2400 a R$ 3500, e especialista apontam que esses números podem aumentar a partir de 2023 com a escassez das ocupações legais.

Se não agora, quando? Se o que foi dito aqui faz algum sentido para você como administrador, empresário, ISP, a oportunidade está passando, corra, movimente-se!

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