Onde encontrar o Oceano Azul em 2023 no Mercado de Banda Larga?
Enviado em 28.03.2023

Onde encontrar o Oceano Azul em 2023 no Mercado de Banda Larga?

O Livro A Estratégia do Oceano Azul, apresenta um conjunto de táticas para vencer nos mercados competitivos e com ações práticas para quebrar […]

O Livro A Estratégia do Oceano Azul, apresenta um conjunto de táticas para vencer nos mercados competitivos e com ações práticas para quebrar barreiras de mercado.

Os provedores de internet (ISP) navegaram com o oceano totalmente azul desde que desafiaram o modelo existente das grandes operadoras (incumbentes) em 2007, com uma das teses do livro: buscar o mercado inexplorado.

O sucesso foi tão grande que a partir de 2016 os ISP’s já somavam mais assinantes que todos as teles juntas. O mercado azul dos ISP’s ganhou um impulso ainda maior em 2020/21, quando a internet residencial que era exclusivamente para lazer tornou-se essencial para os estudos, com as aulas on-line, e para o trabalho com reuniões virtuais e serviços remotos.

Com vento em popa e o oceano pela frente havia grande expectativa para 2022, mas acontece que neste ano o mercado parece ter ficado com tons de cinza. Os números não mentem!

Em 2022 tivemos até setembro aproximadamente 1 milhão de adições líquidas de novos assinantes (segundo a Anatel), nada mal quando comparado à 2019, que tivemos 1,6 milhões de novos assinantes, e mesmo que não fosse percebido pelos ISP’s, o mercado vinha com uma pequena maré contrária, retraindo cerca de 0,10% ao ano entre 2015 e 2019.

Mas em 2020 e 2021 foram anos de expansão, tudo isso mudou em 2020/21, quando as famílias passaram a ficar em casa e o lazer, estudo e trabalho competiam pela mesma Internet fazendo com que a demanda por novas conexões e aumento de velocidade crescessem e cerca de 8,7 milhões de circuitos, os quais foram adicionados!

Avaliando o cenário agora, podemos então dizer que o mercado antecipou as compras, acontece com frequência no varejo, uma Black-Friday anualizada e podemos estimar que estamos entre 3 milhões à 4 milhões de assinantes que foram antecipados.

Quando chegamos a 2022 havia grande expectativa de manter o crescimento, mas foi aí que o jogo mudou novamente, com as aulas retomando ao modelo presencial e o trabalho híbrido a vida digital das famílias ficou mais confortável.

O que esperar então para 2023?


O ano 2023 apresenta diversos desafios para o setor. O 5G chega a todas as capitais e passa a ganhar mais espaço e com isso o FWA-5G pode vir a ser uma alternativa em alguns casos. Na economia, o custo do capital para aquisição de novos equipamentos e a inflação pesando no bolso do consumidor são fatores que não podem passar desapercebidos.

Somando a isso, temos as licenças nos postes. Sim! Este recurso finito será ainda mais pressionado no próximo ano, com os concessionários visando uma receita extra.


Então, o que esperar? Podemos dizer que o mercado passará por uma acomodação, isto é, com mais de 15 mil provedores regionais competindo e os principais clientes residenciais atendidos, os provedores terão que ser mais estratégicos nos seus movimentos, um olhar diferente para o mercado e buscar ir além da tradicional oferta de mais velocidade com menor preço, neste sentido, será essencial a busca de produtos e serviços com nova abordagem.


Uma preocupação recorrente é se ainda há mercado para crescimento na base de clientes, a resposta é sim, o mercado não está saturado, ainda há espaço! Provavelmente não para todos e não da mesma forma, assim a consolidação com fusão e aquisições serão normais e até fundamentais para manter a operação competitiva e financeiramente saudável.

As redes neutras passarão pela prova de fogo; o conceito é ótimo, o modelo deverá ser ajustado, mas, na guerra por postes quem tem licença é rei e nisso as redes neutras são inquestionáveis. Maior velocidade? Provavelmente não, as velocidades entre 300Mbps e 500Mbps devem ainda ser suficiente para o consumidor final, afinal, qual será a nova aplicação que leve ao usuário final a real necessidade de maior banda, jogos mais robustos no Metaverso talvez e quem sabe múltiplas SmartTVs de 8K?

A manutenção das velocidades também oferece um equilíbrio na receita por cliente (ARPU). Os ISPs deverão se preparar para trocar o discurso de maior banda para menor latência e maior disponibilidade, não é fácil pois será necessário aculturar o consumidor e também um controle maior interno e gestão com indicadores (KPI) da rede própria será fundamental.

Novos serviços em WiFi Mesh 6, computação de borda, IoT residencial e industrial, jogos em nuvem, entre outras aplicações serão parte do mix comercial para aumentar o ticket médio e atrair novos clientes. Buscar alternativas para planos mais populares, talvez com anunciantes como fez a Netflix seja um caminho.

O oceano azul está aí, basta conhecer os novos espaços e feliz 2023!

Jonathan Fratta, Diretor de Inteligência de Mercado – Vispe Capital

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