Os provedores de internet nos últimos anos, estão precisando de soluções de infraestrutura na medida da necessidade do cliente, mais conhecidos como serviços de valor agregado.
Os serviços de valor agregado como Telefonia IP, Monitoramento, ou Comunicações Unificadas permitem que o cliente proteja seus bens, rode aplicações críticas e otimize os processos.
Existem práticas gerais recomendadas, tendo como espinha dorsal a confiabilidade da rede visto que será necessário contar com novas redes que melhorem a capacidade, reduzindo velocidades de resposta (latência) até níveis ótimos para esse tipo de aplicações. Reduzir a latência melhora a performance da rede. A latência tem se convertido num fator predominante crítico em aplicações financeiras, provedores de conteúdo e provedores de serviços na nuvem. No caso de aplicações financeiras, um pequeno delay pode impactar o lucro de uma operação e também está comprovado que as redes blockchain sofrem de gargalos ante estes cenários.
“Maximizar o Valor da Empresa” é uma frase conhecida há muito tempo já que há mais de 50 anos era afirmado que o objetivo fundamental de uma companhia é maximizar a riqueza dos acionistas; e os Serviços de valor agregado podem ajudar a conseguir crescimentos saludáveis e sustentáveis dos lucros.
As companhias que estão entrando nesses desafios, não deveriam gastar o tempo tentando inventar a roda, porque isto aumentará drasticamente os tempos de implantações. Em vez disso, deveriam se focar no time e habilidades necessárias para trabalhar nos projetos. Na minha opinião as grandes empresas podem se permitir investir em inovação e desenvolvimento sem limites, mas o resto pode suprir essas necessidades com soluções já existentes. Veja a tabela comparativa abaixo entre as opções de “Desenvolver” ou “Comprar” uma solução. Adicionamos uma terceira coluna com a opção “Ambas” fazendo foco em contratar uma solução, que permita também ser integrada mediante APIs com desenvolvimentos próprios:
Desenvolver | Comprar | Ambas | |
Ganho em Expertise | Sim | Não | Sim |
Controle sobre o sistema | Completo | Limitado | Intermedio |
Propriedade do produto final | Sim | Não | Não |
Habilidade de responder rapidamente ante problemas | Sim | Não | Sim |
Independência para resolver problemas | Sim | Não | Sim |
Custo Relativo | Alto | Baixo | Moderado |
Probabilidades de Implantação com Sucesso | Baixa | Alta | Alta |
Requerimento de Recursos Internos | Alto | Baixo | Moderado |
Tempo para implantação | Alto | Baixo | Baixo |
Podemos ver que em relação qualidade/preço, a opção mais conveniente pode ser a de escolher uma solução já fabricada, porém que seja fácil de integrar com outros desenvolvimentos próprios que permitam complementar e adaptar a solução às necessidades de nossos próprios clientes (coluna “ambas”).
O Valor Agregado deve ser implantado com os seguintes princípios: (i) oferecer serviços que o pessoal técnico da Empresa conheça e consiga gerenciar; (ii) os serviços devem possibilitar a apertura de novos mercados; (iii) os novos serviços não devem obstaculizar os serviços atuais que têm nos convertido na Empresa que somos; (iv) deve-se ter um objetivo claro para a implantação dos serviços; e (v) é importante que os serviços possam ser alcançados pela maior parte da carteira de clientes atuais.
Frisa-se que o objetivo principal é conseguir uma oferta de serviços que não possa ser superada, e que fidelize a maior quantidade de clientes no menor tempo possível.
O pacote de serviços tem que ser bem orientado ao público que queremos atingir: um combo de TV + Internet pode ser bem interessante para clientes residenciais mas não fará diferença para clientes corporativos.
A fidelização de clientes impacta diretamente no crescimento do negócio, porém os elementos que causam essa fidelização mudam constantemente; e por outro lado, diferentes coisas satisfazem a diferentes tipos de clientes: tem clientes que podem preferir ser atendidos por um bot no nosso site enquanto outros só estarão satisfeitos quando consigam falar no telefone com um atendente. É importante considerar a integração operativa com cada um de nossos clientes e conhecer as tendências, a sinergia dos nossos grupos de trabalho e a comunicação (tanto externa como interna) para demostrar que escutamos as sugestões e atendemos as necessidades da sociedade.
O tempo de recupero do investimento tem que ser o menor possível pelo que temos que dar prioridade àqueles “projetos especiais” que possam alavancar em pouco tempo a geração deste valor agregado.
A Empresa tomará outro valor tendo variedade de serviços, tornando-se mais atrativa para investidores e fazendo-se menos vulnerável a mudanças repentinas da indústria que possam danificar a capacidade de concorrência. A flexibilização e combinação de serviços nos planos tem que permitir aumentar a carteira de clientes e as vendas (cross-sell: estratégia para estimular o cliente a contratar produtos ou serviços complentares ao principal).
Depreende-se, por tanto, que com a adição destes novos serviços de valor agregado, precisaremos da participação de novos sócios tecnológicos que forneçam as tecnologias que possibilitem a entrega dos novos recursos aos nossos clientes. Os serviços a oferecer são ilimitados e dependem como falamos, da necessidade de nossos clientes, mas seguem exemplos abaixo:
– Serviço de TV de alta definição: mediante implantação de IPTV ou RF-Overlay nas redes FTTH
– Serviço de TV OTT: entregado mediante apps para celular e portais web para acesso desde qualquer lugar com conteúdos ao vivo e on-demand.
– Telefonia IP com franquias combinadas com outros produtos
– Telefonia IP corporativa e Comunicações Unificadas
– Serviços Cloud: Backup, VPS, Storage Online, Software as a Service (SaaS), Monitoramento
– Soluções de Segurança: Controle de usuários, Cybersegurança, Antivirus
– Soluções para casa e Empresa: Wifi, Smart Home, Cámaras e DVR, IoT
No último ponto da lista, a IoT vem sendo uma tendência, altamente investigada e desenvolvida no último tempo visto que possibilita que as Empresas consigam trabalhar com sistemas mais eficientes e auto preventivos com investimentos que se pagam sozinhos: um claro exemplo é nas distribuidoras de serviços públicos como agua, energia elétrica e gás onde as percas nas redes são difíceis de detectar. Mediante o uso de sensores pode-se automatizar a toma de decisões e enviar uma quadrilha de funcionários para reparar a falha em tempo record.
As implantações de Telefonia IP são muito populares nos Provedores de Internet pela facilidade de instalação e gestão, o baixo custo de investimento para operar e a relação qualidade/preço para os clientes finais. Praticamente não é necessária nenhuma mudança na rede de distribuição para operar.
Outro exemplo é a implantação de TV no Provedor, a qual é um pouco mais complexa pois é importante que a rede esteja muito estável para poder lograr bons resultados. Além disto, não é novidade que as dezenas de soluções de VoD disponíveis na rede fazem com que o serviço de TV por assinatura esteja diminuindo a cada ano e os usuários estejam indo por soluções 100% On-Demand. De qualquer forma, cabe destacar que existem hoje no Brasil associações que ajudam a levar canais e conteúdos para os provedores associados proporcionando oportunidades para os prestadores de serviços de internet de pequenas dimensões no pais e permitindo expandir os serviços oferecidos.
Deste modo, é imprescindível que os provedores estejam preparados e organizados para poder oferecer estes novos serviços que, entre outras coisas, vão maximizar o valor da Empresa. A decisão não é meramente comercial, senão que requer que todas as áreas da Empresa estejam focadas no mesmo objetivo, sendo treinadas e capacitadas para isto.
Adrian Lovagnini – Engenheiro de Telecomunicações com formação em Finanças. Atualmente é Gerente de Operações da VoIP Group. alovagnini@voipgroup.com