A inovação e a formação contínua são fatores chaves no futuro dos Provedores. São uma amostra de compromisso para fomentar conhecimento e experiências entre profissionais e dar a conhecer aquelas inovações tecnológicas que facilitam a labor dos colaboradores.
A conectividade 5G pressupõe uma grande revolução para o desenvolvimento da internet das coisas. Como bons investigadores, é necessário que nos interessemos e trabalhemos todos para aprender e conhecer os novos sistemas nos quais diferentes redes interagem entre si para desenvolver ações complexas. O 5G permitirá redesenhar e redescobrir o trabalho automatizado em casos como linhas de montagem, porém, também permitirá desenvolver novos conceitos em operativos de busca de pessoas e objetos, gestão de transporte e distribuição da energia entre outros.
Na área da saúde, por exemplo, esperam-se grandes revoluções já que as intervenções e cirurgias à distância poderão ser feitas sem latência respondendo às necessidades de profissionais e pacientes.
No MWC (Mobile World Congress) 2019 foram apresentadas também diversas alternativas de 5G aplicadas para controle de transporte, já que marcas automotivas como BMW, Mercedes Benz e Seat apresentaram modelos de carros autônomos conectados com essa tecnologia.
Os campos a explorar nos quais os fabricantes de equipamentos e fornecedores de serviços parecem estar atrasados, são os vinculados a serviços de alto consumo de banda como transmissão de vídeos de realidade virtual, jogos online, etc., que são os que precisarão incentivar a adoção do 5G. Porém as expectativas de crescimento do 5G estão parecendo um pouco exageradas, e têm muitas opiniões no setor, referentes a que a adoção da tecnologia não acabará sendo repentina, senão que as mudanças serão paulatinas.
Na Conferência Mundial de Radiocomunicações (CMR) do ano 2000, a banda de frequências 2500 – 2690 MHz foi identificada como adequada para as IMT (Telecomunicações Móveis Internacionais). Logo no CMR 07 foi identificada a banda de frequências 698 – 960 MHz. Posteriormente no CMR 15 foi identificada a faixa de frequências 3.3 a 3.4GHz para as IMT e finalmente no CMR 19 foi contemplado o estudo para coexistência das IMT com serviços existentes em bandas como 26Ghz, 38Ghz, 40Ghz e 50Ghz.
Ainda quando a tecnologia não está sendo utilizada massivamente, em diversas implantações já existem críticas sobre a velocidade das redes. Aquelas operadoras que trabalham na banda dos 600MHz (em muitos países a única disponível por enquanto) conseguem abranger áreas maiores, porém não conseguem ainda atingir altas velocidades. Quanto maior a frequência de trabalho, maior largura de banda e maiores possibilidades de atingir altas velocidades de transmissão. No Brasil o primeiro leilão de frequências está planejado para 2020 e aponta nas bandas de 2.3GHz e 3.5GHz (as mesmas bandas escolhidas na China). Se estima então, que para o final de 2021 já existam algumas operadoras começando a trabalhar na instalação de redes 5G.
Para final de outubro, mais de 80.000 rádio bases em 50 cidades da China já se encontravam operativas. Ao mesmo tempo, as 3 maiores Operadoras mobile do país lançaram os primeiros planos de 5G. Conforme um estudo realizado pela Global System for Mobile Communications Association (Associação Global de Telecomunicações), China será o maior mercado de 5G do mundo para 2025.
Nos Estados Unidos já existe também uma rede 5G de alcanço nacional. As grandes operadoras nos EUA estão brigando para construir redes que possam atender até 200 milhões de usuários e abrangem a totalidade do território nacional atendendo todas as cidades, apontando num modelo de “5G para Todos” (palavras do John Legere, CEO da T-Mobile).
Na Espanha, o 5G Barcelona é uma iniciativa público-privada que converte o centro de Barcelona num laboratório para validação e testes de tecnologia 5G. É um projeto promovido por várias instituições governamentais e educativas. O mesmo permite desenvolvimentos piloto para testes de soluções tecnológicas na vida real e posiciona o país como um dos principais atores de 5G no mundo. É claro, isto parece um pouco avançado para nossa região onde a aquisição e instalação de antenas requer de muita burocracia conforme as legislações vigentes. Para uma boa cobertura de 5G serão necessárias até cinco vezes a quantidade de antenas que hoje são utilizadas para LTE. Em junho desse ano, a Vodafone lançou na Espanha o serviço comercial de 5G em quinze cidades espanholas com possibilidades de 5G nos planos atuais.
Na Alemanha, uma petição assinada por 50 mil cidadãos, conseguiu parar a licitação de 5G programada, visto que ainda não existiam provas científicas de que a radiação das novas antenas não implicavam riscos na saúde das pessoas (existiram diversas campanhas gerando desinformação e medo com estes tipos de considerações). A mesma, logo foi desconsiderada e para metade do ano já conseguiram ter a primeira operadora 5G do país trabalhando em duas das cidades mais importantes. O esperado é ter 20 cidades com serviço para final do 2020.
Agora, a robustez do 5G poderia chegar a tomar o lugar da rede fixa para conectar dispositivos fixos? Poderia ser utilizada para conexão de última milha para clientes residenciais e corporativos? O 5G não vai substituir a fibra óptica, não vai ocupar o lugar do Backbone. Porém seria possível sim substituir a última milha com ele, para as conexões de internet locais. Agora, como banda larga fixa seria necessário colocar inúmeras rádio bases para cobrir a totalidade de clientes.
É necessário que os provedores regionais se envolvam num processo que permita alcançar uma cobertura para todo o país, o que poderia permitir uma capilaridade para o serviço (as rádio bases devem estar conectadas por fibra e os provedores regionais são os que possuem essa rede) e democratizar o acesso à internet. Para esses fins, a ABRINT defende que haja uma primeira etapa do leilão voltada para atender os provedores regionais (na faixa de 3,5GHz) e com abrangência municipal.
Outra questão que pode atrasar a corrida pela chegada do novo padrão, é a de possíveis interferências com a TV aberta via satélite, pois um dos grandes objetivos é fazer com que os serviços funcionem simultaneamente (na zona rural existem mais de 20 milhões de domicílios com sinal analógico). O DSS (Dynamic Spectrum Sharing) será chave para isto. O compartilhamento dinâmico de espectro inclusive permitirá que o LTE e o 5G compartilhem a banda baixa utilizada atualmente pelo LTE o que permitiria que as operadoras tenham cobertura 5G sem necessidade de reagrupamento de espectro.
A banda larga fixa será chave em um mercado onde esperamos cada vez mais dispositivos conectados em casa. As operadoras não querem perder esse território e devem de pesquisar alternativas para oferecer novos e melhores serviços para ganhar cobertura e assinantes. A fibra e o 5G vão precisar se combinar para esse fim.
Adrian Lovagnini – Engenheiro de Telecomunicações com formação em Finanças. Atualmente é Gerente de Operações da VoIP Group. alovagnini@voipgroup.com