Entre Informação e Opinião, o que decidir?
Enviado em 12.06.2020

Entre Informação e Opinião, o que decidir?

Saiba mais sobre Informação e Opinião no Post de hoje de Rogério Couto

Meus amigos, quero confessar a vocês que estava preparado um artigo que trazia uma análise de comportamento quanto à inadimplência de provedores regionais. Porém, em meio ao turbilhão do isolamento como prevenção ao Covid-19, acabei mudando o foco e resolvi trazer algumas reflexões a respeito de como informações se transformam em fato.

Vamos começar com algumas definições:

O que é um fato? Um fato geralmente se refere a algo que é verdadeiro e pode ser verificado como tal. Ou seja, um fato é algo que pode ser provado verdadeiro.

O que é uma opinião? Uma opinião se refere a uma crença pessoal. Está relacionada ao sentimento de alguém sobre algo. Outros podem concordar ou discordar de uma opinião, mas não podem prová-la ou refutá-la.

Isso me remete a uma figura que vocês já devem ter vista por aí, na internet:

Não podemos fixar a verdade como sendo propriedade de um lado só. Cada faceta da imagem é verdadeiro dentro do contexto proposto.

O que é contexto? Contexto são as circunstâncias que cercam um evento, uma afirmação ou uma ideia, em cujos termos o evento, a afirmação ou a ideia podem ser totalmente compreendidos. Fatos e opiniões devem ser colocados em contexto para que se tirem conclusões.

Diante disso, podemos chegar a uma conclusão absoluta: não existe verdade absoluta.

Alguns pensadores como o filósofo alemão Husserl vai dizer que a verdade se dá através dos fenômenos, que são observáveis, perceptíveis e sensíveis. A isso se dá o nome de fenomenologia.

Já o filósofo francês Sartre, no contexto do final da 2ª guerra mundial, vai levar em conta o existencialismo. Para ele, a verdade está na essência do indivíduo, ela é resultado dos valores de uma sociedade.

Nietzsche, também nascido na Alemanha, faz uma crítica forte ao pensamento clássico, centralizado no mundo das ideias de Platão e Sócrates. Ele vai defender que a verdade não existe.

Seu contemporâneo francês Foucaultafirma que, para algo ser verdade, precisa ser livre (totalmente). Não pode estar vinculado a uma instituição porque, desta forma, a verdade será manipulada, gerando constrangimentos e formas de comportamento.

Não quero transformar esta reflexão em uma aula de filosofia. Na verdade, o que queremos é buscar uma informação, ou até mesmo uma opinião, para tomarmos a melhor decisão.

Exemplificando: imagine que eu diga que comi um boi. Trazido para o contexto, alguns podem imaginar que eu, de fato, comi um boi inteiro. Para outros, fica a opinião que eu comi a carne do boi a ponto de não aguentar mais comer carne.

As mídias sociais possuem o grande benefício de aproximar pessoas e fortalecer seu relacionamento e sua convivência. Porém, por outro lado, permitem que sejamos bombardeados por informações, ou seja de fatos e opiniões. Aqui é onde começam os problemas. Quando uma pessoa tira uma conclusão por si só e a passa adiante, corre o sério risco de estar errada em sua conclusão, e gerar a tão falada “fake news”.

Trazendo para a realidade do provedor regional, por vezes, são tomadas decisões baseando-se em boatos ou opiniões. Sem se perceber, ficamos refém de nossas próprias decisões.

Neste contexto, tabulei em um gráfico o conteúdo das mensagens que costumo receber em grupos das redes sociais dos quais participo. Abaixo está o que encontrei. Proponha que você faça o mesmo. Possivelmente encontrará também uma quantidade maior de mensagens irrelevantes do que mensagens relevantes, bem como uma fatia maior de opiniões do que de fatos.

Agora, pensem comigo: como podemos tomar uma decisão em meio a um universo de informações baseadas em opiniões? Acredito verdadeiramente que a chance de errar é muito grande.

Segundo o site MindTools, decisões envolvem:

Incerteza: quando os fatos são desconhecidos.

Complexidade: quando há muitos fatores inter-relacionados a se considerar.

Consequências de alto risco: quando o impacto da decisão pode ser significativo.

Alternativas: quando há várias alternativas, cada uma com seu próprio conjunto de incertezas e consequências.

Questões interpessoais:-quando é preciso prever de que forma diferentes pessoas reagirão.

Para chegar a decisões bem fundamentadas, precisamos ter por base, informações e, pelo que me recordo, são mais de 10 tipos de premissas da informação que permitem uma conclusão, como: dedução, frequência, modelação, classificação, teorias, causas, especialidades, metáforas, semelhança, intuição, e por aí vai…

A fim de tornar suas decisões mais assertivas — ou menos arriscadas — sugiro os seguintes passos:

  1. Crie um ambiente construtivo: incentive as pessoas envolvidas a contribuir em discussões, debates e análises, sem medo de serem rejeitadas por suas ideias.
  2. Investigue a situação em detalhes: utilize a regra dos 5 porquês para identificar se você está tratando de um problema real ou de um sintoma temporário.
  3. Gere boas alternativas: promova debates criativos e positivos que tragam mudanças, melhorias e ganhos para todos.
  4. Explore suas opções: análise mais de uma opção para que o risco seja modulado e minimize os impactos.
  5. Selecione a melhor solução: mesmo que pareça simples, a escolha requer uma análise reversa. Ou seja: avalie os ganhos e perdas daquilo que não foi escolhido, e comparar com a opção vencedora.
  6. Avalie seu plano: ao chegar a uma decisão, é hora de implementar. Para isso, pense em um plano piloto ou modelo.
  7. Comunique sua decisão e tome medidas: após ter dadotodos os passos anteriores, é hora de informar ao grupo a decisão, os porquês, o impacto, as expectativas e os objetivos (metas) esperados.

Sei que, normalmente, as decisões em um provedor regional cabe aos donos. E, na maioria das vezes, eles não possuem tempo suficiente para tomar as decisões baseadas nossos passos acima. Porém, sabemos que tempo está ligado a prioridades; e, por sua vez, prioridades requerem um entendimento de causas e consequências.

Este é o objetivo final desta reflexão: que não tenhamos de investir mais recursos e tempo reconstruindo consequências, e que tenhamos mais discernimentos para agir nas causas.

Forte abraço,

Rogério Couto.

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