Antes de discutirmos os modelos de negócio, precisamos definir o que é uma MVNO. Esta sigla significa Mobile Virtual Network Operator, ou ainda, Operadora de Rede Móvel Virtual. O nome dá uma dica. É uma empresa de telefonia móvel com serviços similares aos das operadoras tradicionais, com uma característica bastante importante… não possuem rede!
É isso mesmo. Estas empresas utilizam a infraestrutura de uma operadora tradicional, conhecidas como MVNE (Mobile Virtual Network Enabler), para oferecer seus serviços. O modelo pode ser compreendido como uma parceria onde a MVNE fornece acesso à sua infraestrutura e sistemas enquanto a MVNO atua no marketing, vendas e atendimento aos clientes finais.
As MVNOs podem ser alternativas interessantes para determinados segmentos que possuem necessidades específicas, oferecendo planos mais competitivos e com qualidade superior no atendimento por serem empresas de menor porte do que as grandes operadoras.
Uma empresa que deseja entrar neste mercado e ter sucesso, deve oferecer uma proposta de valor que seja percebida pelo seu cliente, agregando a telefonia móvel, recargas e outros benefícios aos serviços existentes em seu portfólio. Além disso, é fundamental oferecer acesso a canais de distribuição não tradicionais, reduzindo o custo de aquisição de clientes, buscando maior eficiência e baixo custo operacional.
Portanto, não é necessário fazer grandes investimentos em torres, antenas, espectros de radiofrequência, mas é fundamental estabelecer bons acordos comerciais no atacado para compra de grande quantidade de dados e minutos.
No Brasil, a ANATEL aprovou uma resolução que permite a exploração de serviço móvel pessoal (SMP) por meio de rede virtual em 2010. Essa resolução trouxe duas formas distintas de exploração do serviço: Autorização e Credenciamento.
A Resolução n.º 550, define estes dois modelos como:
• Autorizada de Rede Virtual (Autorizada de SMP por meio de Rede Virtual): é a pessoa jurídica, autorizada junto à Anatel para prestação do Serviço Móvel Pessoal que se utiliza de compartilhamento de rede com a Prestadora Origem.
• Credenciado (Credenciado de Rede Virtual): é a pessoa jurídica, credenciada junto à Prestadora Origem, apta a representá-la na Prestação do Serviço Móvel Pessoal, devendo ser empresa constituída segundo as leis brasileiras, com sede e administração no País. Credenciamento é o contrato de representação, objeto de livre negociação, entre o Credenciado e a Prestadora de Origem, cuja eficácia depende de homologação da Anatel.
Na prática, podemos considerar que no modelo credenciado, a MVNO será responsável pelo marketing, vendas e atendimento ao cliente, enquanto a MVNE será responsável pela operação do serviço. Já no modelo autorizada, a MVNO compartilha a rede com a MVNE sendo responsável pela prestação do serviço de telecomunicações.
De acordo com a Telcomp, existiam 161 MVNOs no Brasil, sendo 151 credenciadas e 10 autorizadas em 2020. Este crescimento colocou o Brasil entre os 10 países com mais MVNOs no mundo. O potencial das MVNOs no Brasil ainda é bastante elevado. A participação no mercado de telefonia móvel ainda é menor do que 3%. Na Europa e nos Estados Unidos esta participação é maior do que 5%, chegando a 40% em países como Holanda e Alemanha.
Para ser uma MVNO, a empresa precisa estabelecer um contrato com uma prestadora de origem (MVNE ou MNO), sendo que os custos das MVNEs são muito inferiores. Em seguida deverá encaminhar uma carta para a Anatel informando a modalidade, o contrato com a operadora e a área de prestação do serviço.
Apesar de o procedimento ser razoavelmente simples, planejamento e organização são pré-requisitos. É fundamental entender como você conseguirá agregar valor para seu cliente. Não se esqueça que é fundamental definir estratégias para se diferenciar da concorrência.
Se você deseja ter uma nova fonte de receita oferecendo serviços de telefonia móvel em todo o Brasil, aumentar o relacionamento com sua base de clientes e o portfólio de seu negócio, você pode! Torne-se uma MVNO.
Eduardo de Ázara, Formado em Engenharia de Telecomunicações pela UFF com Pós Graduação em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios pela FGV.