O setor de telecomunicações é a espinha dorsal da sociedade atualmente, conectando pessoas e empresas no mundo todo. Ele não apenas facilita a comunicação direta, mas também é o pilar que permite o funcionamento eficaz de quase todos os outros setores, desde saúde e educação até finanças e varejo. À medida que chegamos cada vez mais próximo ao final de 2023, vemos ainda mais movimentos de grande impacto se consolidando e formando grandes promessas para o próximo ano, com tendências emergentes que moldarão o cenário. Os acontecimentos recentes vêm dando cada vez mais ênfase nas novas tecnologias, desenvolvimentos e consolidações, como o 5G, IA, Machine Learning e grandes M&As que continuam marcando a história do setor.
Mas o que vem por aí?
A previsão é que Inteligência Artificial (IA) continuará a desempenhar um papel fundamental. A IA não será apenas um complemento às operações de rede, mas se tornará um motor crítico para inovações como análise preditiva, manutenção proativa e detecção de fraude. As operadoras estão adotando algoritmos de IA de forma cada vez mais intensa para otimizar a gestão de suas redes, alocar recursos de forma mais eficiente e oferecer serviços altamente personalizados.
Paralelamente, as novas tecnologias estão abrindo novas portas para um leque amplo de inovações que prometem revolucionar nossa experiência digital. Este é o momento em que uma nova revolução digital pode novamente sair do papel, com o 5G e outras inovações permitindo a expansão em áreas como realidade aumentada, realidade virtual e automação de grande escala. No entanto, para que isso se torne uma realidade concreta, os provedores estão cientes de que precisarão realizar investimentos significativos na expansão da infraestrutura, levando a qualidade do serviço entregue aos clientes a um novo patamar.
Um fator crítico que não pode ser subestimado é a crescente demanda por uma sólida infraestrutura de cibersegurança. Com o advento do 5G e a adesão massiva à Internet das Coisas (IoT), as redes estão se tornando cada vez mais vítimas de ataques. Para 2024, a expectativa é que as comunicações integrem medidas de segurança ainda mais sofisticadas para proteger tanto a infraestrutura quanto os dados dos usuários. É importante que o investimento em cibersegurança se torne uma prioridade para as operadoras, considerando o volume e a complexidade das ameaças cibernéticas.
Além disso, os holofotes estão mirando nos movimentos de Fusões e Aquisições (M&A), que continuam a moldar o cenário do mercado de Telecom. Um ponto notável, que marcou o primeiro semestre de 2023, foram os grandes provedores e operadoras optarem por fusões estratégicas, dando uma pausa momentânea na aquisição de operações de menor porte. Um exemplo desse movimento foi a fusão entre as empresas Vero e Americanet, marcando o início de uma nova fase de consolidação no setor. Essas fusões têm o potencial de redefinir o panorama competitivo do mercado.
Inspirado pelo relatório do BTG sobre a possível consolidação no mercado de ISPs com a queda dos juros, vale ressaltar que a política de concorrência também desempenha um papel crucial nas estratégias de M&A. A queda das taxas de juros torna o financiamento mais acessível, abrindo portas para fusões e aquisições ainda mais ambiciosas. É provável que este ambiente econômico favorável acelere o processo de consolidação do setor em 2024.
À medida que 2023 se desenrola, o mercado de telecomunicações promete mais inovação e expansão. Um movimento significativo que já está ocorrendo em 2023 e deve continuar em 2024 é a entrada de novos fundos de investimento no mercado de telecomunicações. Esses investimentos estão impulsionando uma estratégia de separação entre a infraestrutura de rede e a base de assinantes. Essa separação está permitindo que as operadoras se concentrem de forma mais eficaz em aprimorar a qualidade e a eficiência dos serviços oferecidos, enquanto os fundos especializados assumem o papel de gerenciamento e expandem a infraestrutura de rede, para tornar o mercado mais ágil e focado no cliente.
Além dos movimentos de M&A que continuarão a acontecer, o mercado passará por uma grande onda de terceirização. A terceirização não será mais vista como uma estratégia simples de corte de custos, mas como uma maneira de adquirir competências especializadas rapidamente. Os chamados serviços “As a Service” ganharão destaque no último trimestre do ano e se ampliarão como tendência para 2024.
Esse movimento é um passo natural diante da complexidade crescente do setor e oferece às empresas a possibilidade de se concentrarem em suas competências principais enquanto terceirizam funções menos estratégicas, mas igualmente importantes. A economia gerada através da terceirização permite que as operadoras aloquem mais recursos para P&D e cibersegurança, otimizando suas operações para um mercado cada vez mais competitivo e dinâmico.
Portanto, é essencial manter a atenção externa para as numerosas e constantes transformações, mudanças e oportunidades que estão surgindo. Isso porque, à medida que avançamos para 2024, fica evidente que o verdadeiro diferencial em um mercado tão disputado será a habilidade de integração tecnológica e estratégica de cada operação. Essa é a interseção onde, realmente, avanços e ‘‘mágicas’’ operacionais ocorrem. Estamos cientes de que o mercado de telecomunicações está em um estado contínuo de evolução e transformação. Assim, as operadoras e empresas do setor que sempre mantêm ou conquistam uma posição competitiva nesse ambiente dinâmico e desafiador não poderão apenas se limitar a adotar novas tecnologias; elas também precisarão priorizar mudanças organizacionais, como a estruturação interna, o aprimoramento da documentação de processos e a implementação de padrões operacionais. A cibersegurança, aliada a um ambiente econômico favorável para fusões e aquisições, e a economia de escalada gerada através da terceirização, sem dúvida, serão elementos cruciais que moldarão o setor de telecomunicações em 2024.
Droander Martins